Amor e outras drogas

Semana passada fui na casa de um amigo ver um filme chinês chamado "O caminho para casa" (para quem tiver interesse: http://www.imdb.com/title/tt0235060/). Eu não sabia nada sobre o filme, mas a trama foi totalmente inesperada para mim, e me deixou pensativa por um dia.

A história (atenção! spoilers) é basicamente sobre um casal que se conhece e apaixona. A jovem da minúscula vila chinesa fica fascinada pelo professor que veio da cidade grande para ensinar as crianças do lugar. Com o tempo eles se apaixonam, claro, mas o amor entre eles não nasce a partir de encontros, abraços, beijos ou o que quer que seja.

No filme, todos os elementos que possam levar ao 'amor' entre o casal são extremamente sutis: é a comida preparada com cuidado e carinho (e que no final ele nem come), é o fato dela ir buscar água todos os dias justamente na fonte ao lado da escola onde ele trabalha, e por fim a espera eterna ao lado da estrada, no inverno rigoroso, pelo rapaz que repentinamente teve que voltar para a cidade grande por uns tempos. E quando finalmente o rapaz volta e eles podem ficar juntos... o filme praticamente termina! Toda a parte que você espera que aconteça (eles se conhecendo, se casando, cuidando dos filhos, etc) simplesmente não acontece! E a história é essa, todo o amor, saudade e demais sentimentos ficam subentendidos pelos pequenos gestos de atenção e cuidado.

Eu achei  bem esquisito no começo, mas depois fiquei pensando e as coisas lentamente começaram a  fazer sentido para mim. Aqui em Hong Kong todos os assuntos relacionados a relacionamentos, atração, "azaração" (odeio essa palavra, argh!), são totalmente diferentes da maneira como são tratados no Brasil.

Um exemplo: no Brasil, o que chama a atenção? Garotas altas, bronzeadas, com shorts ou biqunis. Quanto menos roupa melhor, bem ao estilo propaganda de cerveja, certo?

Aqui é completamente diferente.

Nesses lados do mundo, o mais atraente são garotas com ar inocente, vestidos brancos de renda e com a pele o mais branca possível! Nada de mulher fatal, o que é considerado sexy aqui é isso, muitos acessórios, botas com peles, cílios postiços (puts, quem repara em cílios no Brasil?), cara branca... os shorts / saias são curtos, é verdade, mas a impressão é sempre de ver bonequinhas andando pela rua hehe. No começo é legal e fofinho, mas depois de um tempo começa a ser bizarro e artificial!

E aqui sexo não vende como no Brasil. Agora que estou em Hong Kong, eu vejo nos portais de internet brasileiros as notícias mais lidas "novela: fulana leva siclano para a cama como vingança", "celebridade x vai para o samba e mostra demais" "veja as novas capas da playboy" e "striptease no big brother". Aqui isso simplesmente não existe! Mulheres de biquíni, só nas milhares de propagandas de clínicas de cirurgia plástica e rejuvenescimento, e quando se fala em romance é tudo com coraçõezinhos, florzinhas, cor-de-rosa...

Enfim, não estou julgando onde é melhor ou pior. Odeio andar no Brasil e levar cantada de pedreiro em toda a esquina. Mas ao mesmo tempo a frieza e falta de 'acolhimento' das pessoas aqui em Hong Kong e na China também não é legal. Uma mistura dos dois seria perfeito, mas acho que já resolvi esse problema! :D

Comentários

  1. Estou adorando ler seus post.
    Sou facinada pela cultura asiatica e estou adorando "aprender" com vc.

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