Suando a camisa em Hong Kong!

Há alguns meses eu me inscrevi na academia. Depois de 28 anos de enrolação e sedentarismo eu finalmente decidi ter uma vida mais ativa e saudável.

Em Hong Kong até que é facil ter uma vida mais ‘ativa’ do que no Brasil, já que aqui pouquíssimas pessoas tem carro, então você sempre depende do metrô ou outras formas de transporte público, que sempre exigem que você ande um pouco mais.

Apesar do meu peso continuar o mesmo, com a idade chegando, eu estou tentando ser um pouco mais cuidadosa com o que eu como. Talvez seja coisa da minha cabeça, mas estou vendo ‘excessos’ em lugares que antes eram só pele e osso. O Martin entrou nessa onda ‘fitness’ já faz uns 2 anos, e com uma disciplina invejável, conseguiu uns músculos que contam com 100% de aprovação, hehehe. Mas, como deixar de comer chocolate, McDonalds, e outras besteiras que eu amo? O jeito foi entrar na academia com a lógica de ‘fazer exercício primeiro para comer o que eu quiser depois’ (que fique bem claro, essa estratégia não funciona).

Por ser uma cidade tão cara e com pouco espaço, Hong Kong não tem muitas academias, que estão concentradas em poucas marcas que tem diferentes filiais pela cidade - elas são, da mais baratex à mais premium: Physical, California Fitness, Fitness First e Pure Fitness. Tudo fitness, haha! Também existem outras academias menores, que são especializadas em certos tipos de treinos e por isso são bem mais caras.

Infelizmente, por aqui muitos negócios ainda veem os estrangeiros como sacos de dinheiro ambulantes e com as academias em Hong Kong não é diferente. Ser de fora é um passe livre para que as academias cobrem preços exorbitantes na hora de negociar um plano semestral ou anual.

Aliás, as táticas de venda deles são péssimas! Há uns tempos atrás eu fui em uma das academias aqui, só para dar uma olhadinha e ver os preços e eu deixei isso claro para o treinador/promotor de vendas. Ele, todo atencioso (apesar do inglês sofrível), me mostrou toda a academia, as maquinas, a sala de treinamento, etc. Sentamos na recepção e como esperado, ele me ofereceu um pacote muito mais alto do que eu sei que alguns amigos pagam. E oh! Justo naquele dia eles estavam com uma promoção imperdível, que me dava desconto se eu pagasse tudo adiantado à vista. Quanta generosidade!

Ok, eu confesso... essa é a nossa única selfie na academia!

Eu falei que não, que eu era estudante (o que era verdade na época, hehe) e que eu não tinha dinheiro pra pagar tudo de uma vez. Ele então abaixava o preço mensal, mas proporcionalmente aumentava os meses do plano, o que no fim das contas não fazia diferença nenhuma em termos de preço. Já meio irritada, eu fui pegando minhas coisas, agradecendo pelo tempo dele... e não é que o sujeito ficou p*** da vida? Ele disse: “O que mais você quer? Eu já estou diminuindo minha comissão de vendas por você!!!!” Aff, meu filho, passar bem!

Eu não sei se as academias no Brasil normalmente tem um treinador para orientar as pessoas na hora de usar as máquinas e fazer exercícios da maneira correta, mas aqui é cada um por si. Na academia que eu vou, felizmente os promotores de venda/treinadores não falam comigo porque acho que eles não se sentem confortáveis em falar inglês. Melhor pra mim, porque pelo que o Martin me disse, a estratégia deles é de caçoar das pessoas fazendo exercício e daí puxar conversa e tentar vender serviços de personal trainer ou outros. Imagina, você tá la sofrendo, suando a camisa pra perder um quilinhos para o treinador falar que você tá fazendo errado e ainda por cima te zoa! Eu mandava pra pqp na hora!

Depois de meses, eu ainda estou longe de virar rata de academia, ou de sentir prazer em ir na academia. O que me motiva é saber que é um exercício bom pra saúde e que daqui uns 10 ou 20 anos eu vou agradecer por ter começado a me exercitar agora (espero eu)! Por enquanto ainda é um pouco chato fazer os mesmos exercícios, nas mesmas máquinas... talvez eu deveria ter começado a praticar um esporte, vai saber...

O lado bom das academias aqui (na minha opinião) é que não tem essa de fazer social e ficar tirando selfies na frente do espelho, como eu vejo que muitos brasileiros fazem. Aqui também não existem ‘musas fitness’ e afins com roupas espalhafatosas e maquiagem, com o objetivo de ter a bunda dura e o abdomem trincado – essas causariam espanto por aqui! Como o padrão de beleza asiático está mais para Olivia Palito que para mulher melancia, as mulheres que frequentam a academia o fazem para perder peso e não para ter curvas voluptuosas.

Você nunca, jamais, veria alguém com essa roupa na academia em Hong Kong! As chinesas (e eu) são mais recatadas...

E eu continuo na minha, esperando que as endorfinas apareçam logo e eu tenha mais motivação para ir na academia algumas vezes por semana...